sábado, 18 de julho de 2009

Massacre

O massacre de crianças tem sido um recurso drástico, usado por ditadores ao longo da história da humanidade, para fins de controle populacional ou mera maldade. Alguns são sistemáticos, como Herodes, que sem poder identificar a criança que o ameaçaria, manda matar todas. Outros são omissos, como o atual governador de Alagoas, que distante da realidade permite a mortandade de jovens alagoanos em proporções alarmantes. Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil e os Conselhos Tutelares, 262 crianças e adolescentes foram assassinadas no primeiro semestre deste ano. Desse número, 230 decorreram do uso de arma do fogo, o que denota a responsabilidade do governo tucano – se o governo fosse eficiente haveria um maior controle na compra e venda de armas e muitas vidas poderiam ser salvas.

Infelizmente, 262 crianças e adolescentes não freqüentarão mais a escola nem poderão sonhar com um futuro. Estão mortas. Alguns poderão alegar que essas mortes ocorrem na periferia, em bairros pobres, onde as poderes constituídos não se fazem presente. Provavelmente, devem achar que o massacre é benéfico para o resto da população que não faz a menor idéia de como é a vida na periferia – pensam que todos são bandidos. Trancados atrás de grades, amedrontados, clamam por uma polícia que “elimine o mal pela raiz”, ao invés de cobrar do governo investimentos sociais, escolas e melhores condições de vida para os que vivem nas periferias.

Em 2009, foram mais de dois mil assassinatos. Este ano, o número está perto de mil. A escalada da violência em Alagoas começou em 2007, quando o governo tucano assumiu – não estamos dizendo que o governo seja violento, pelo contrário, o governo é inerte, sem pulso, fraco e, como já dissemos, omisso. A sociedade sente isso e não há campanha publicitária miraculosa que consiga reverter esse quadro. Mediante a constatação de um governo debilitado, os verdadeiros bandidos põem as garras de fora e a violência explode. Há alguns meses, em artigo publicado na imprensa alagoana, dissemos que havia uma crise de autoridade. A crise se agravou.

Como se não bastasse, o relacionamento (se há relacionamento) entre o governo tucano e os servidores da área de segurança é tumultuado. Policiais civis, militares, peritos criminais e agentes penitenciários lutam por melhores salários e melhores condições de trabalho. O governo dá de ombros. Enquanto isso, a sociedade sofre.

Lamentável esse vácuo de poder, de autoridade. Nas ruas, nas casas, quando se fala do governo, os comentários não são favoráveis. Muitos torcem para que venha logo a eleição e, democraticamente, esse período triste da história de Alagoas seja superado e que tantas famílias não tenham mais que chorar sobre os corpos de suas crianças.

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