segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um homem chamado Leonel

Há cinco anos morria Leonel Brizola, fundador do Partido Democrático Trabalhista e uma das mais importantes presonalidades políticas brasileiras do século passado. Nesta segunda-feira, a Câmara dos Deputados realiza sessão solene para homenagear Brizola e lembrar a Carta de Lisboa, documento que marcou a volta de Brizola ao Brasil, depois do exílio e que lançou as bases para a fundação do PDT.
Leonel Brizola foi um homem sem igual, desde a infância. Nascido em Cruzinha, no Rio Grande do Sul, foi um menino sem nome até os quatro anos de idade. O pai, o lavrador José de Oliveira Brizola, adiou por várias vezes a ida ao cartório, até foi chamado para lutar nas tropas da Revolução Federalista de 1932, onde perdeu a vida. O guri, como era chamado ficou sem nome até os quatro anos, quando, então, disse a mãe, dona Onívea, que queria ser chamado de Leonel. Era o nome de um líder da revolução que a família admirava. Era perceptível que Leonel Brizola estava predestinado a ser um revolucionário, um líder de homens.
Brizola foi deputado, prefeito de Porto Alegre, governador do Rio Grande do Sul e duas vezes governador do Rio de Janeiro. Em abril de 1964, quando houve o golpe militar, Brizola tentou resistir como houvera feito em 1961, mas foi desencorajado por João Goulart. Com os militares no poder, foi exilado no Uruguai e entrou na lista dos cassados pelo AI-5. Só retornou ao Brasil em 1979, sendo recebido por uma multidão que gritava seu nome.

A Carta de Lisboa foi redigida há trinta anos, em junho. Nela, Brizola fazia uma crítica à ditadura e lançava as bases para a construção de um novo partido que teria alicerce no trabalhismo e no socialismo.

“Reconhecendo que é urgente a tarefa de libertação do nosso povo, nós, brasileiros que optamos por uma solução trabalhista, nos encontramos em Lisboa. E se o fizemos fora do País, é porque o exílio arbitrário e desumano impediu este Encontro no lugar mais adequado: a Pátria brasileira. A tarefa de organizar com nosso povo um Partido verdadeiramente nacional, popular e democrático é cada vez mais premente. Não desconhecemos as permanentes tentativas das forças autoritárias de esmagar os movimentos dos trabalhadores. Mas o repositório de coragem e dignidade dos trabalhadores faz com que eles não se dobrem nem se iludam. E com eles estamos nós, Trabalhistas. (...)
Analisando a conjuntura brasileira, concluímos pela necessidade de assumirmos a responsabilidade que exige o momento histórico e de convocarmos as forças comprometidas com os interesses dos oprimidos, dos marginalizados, de todos os trabalhadores brasileiros, para que nos somemos na tarefa da construção de um Partido Popular, Nacional e Democrático, o nosso PTB. Tarefa que não se improvisa, que não se impõe por decisão de minorias, mas que nasce do encontro do povo organizado com a iniciativa dos líderes identificados com a causa popular.

Nós, Trabalhistas, assumimos a responsabilidade desta convocatória, porque acreditamos que só através de um amplo debate, com a participação de todos, poderemos encontrar nosso caminho para a construção no Brasil de uma sociedade socialista, fraterna e solidária, em Democracia e em Liberdade.”
E assim foi feito. O PDT é hoje um partido que se consolidou e que não se afastou do ideário de Brizola. Em todos os recantos do Brazil, a sigla tem o mesmo significado: lutar pelos mais pobres, combater as injusticças e afirmar os princípios do socialismo democrático.

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