quinta-feira, 9 de abril de 2009

Pisada de Bola

A imprensa acaba de registrar a seguinte cena: um dedicado jovem, especialista no dakarú, estilo de kung fu devidamente reconhecido pela Confederação Brasileira da modalidade, dá aulas desse método de defesa e de filosofia de vida. O centro de treinamento é um modesto quintal localizado no bairro da Gruta de Lourdes, em Maceió, onde crianças e jovens de localidades carentes da nossa cidade recebem ensinamentos sobre o desenvolvimento de uma vida em harmonia social.

São 47 atletas em constante aprendizagem, dos quais 8 representarão Alagoas em competição nacional que ocorrerá no próximo mês de setembro, em São Paulo. Este é apenas um exemplo entre tantos outros presentes nas comunidades da capital e do interior do Estado. É também mais uma iniciativa relegada ao esquecimento oficial. A juventude do dakarú não conta com nenhum tostão governamental para representar nossa terra no campeonato brasileiro.

Assim como essa modalidade esportiva, as demais vivem à míngua, órfãs do apoio do governo de Alagoas. Aliás, é bom que se refresque a memória: a falta de apoio não é mero desleixo governamental. A tucanada, animada com a ideologia do Estado minimalista, orientou o governador, que padece da falta de autoridade, a extinguir a Secretaria de Esportes, instituída em nosso governo. E ainda falseando a verdade para a sociedade, como se o custeio dessa pasta significasse algum estorvo no equilíbrio fiscal do Executivo.

Em matéria de políticas públicas no campo esportivo, o governador também pisou na bola. Enquanto os demais entes federados associam o esporte aos instrumentos de resolução dos graves problemas sociais, como a violência, aqui o governo resolveu fazer a apologia do atraso. Extinguir a Secretaria foi um ato de estupidez política de quem governa pela contramão da história. Não foi à toa que a ONU elegeu 2005 como o ano do esporte para a paz e o desenvolvimento.

Todos os compêndios acadêmicos clarificam a percepção de que o esporte contribui para promover a inclusão, para proporcionar a integração da juventude e seu crescimento moral e intelectual. Para tanto, é indispensável a mão solidária do poder público induzindo o processo, a fim de que as políticas sociais cheguem nas comunidades de bairros e nos rincões do interior.

Falta, portanto, decisão política. Enquanto ela não vem, resta apelar para a paciência da garotada do dakarú e de todas as modalidades esportivas, porque, como disse o saudoso menestrel, ao responder a um poderoso de plantão, o resto é somente tristeza.

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