
Em artigo publicado anteriormente aqui, no Primeira Edição, abordamos a crise que tomou conta da economia mundial, e seus reflexos no Brasil, sob a perspectiva de que essa crise deriva dos erros do modelo neoliberal de gestão. Durante décadas, empresários inescrupulosos e políticos tacanhos auferiram lucros exorbitantes e ganharam falso verniz de bons administradores a custa do suor da classe trabalhadora. Nem bem o primeiro abalo sacudiu o mercado, correram a acenar com o fantasma do desemprego como panacéia para tentar conter o mal que eles mesmos criaram. Há algum tempo essa turma foi responsável pela reengenharia e pelo estado mínimo, monstrengos administrativos que deixaram muita gente sem emprego. Agora, mais uma vez, querem jogar nos ombros dos trabalhadores a responsabilidade pelo fracasso de um sistema perverso.
Na última sexta-feira, enquanto o governo tucano convocava a imprensa para comunicar que os direitos dos funcionários públicos estaduais seriam, mais uma vez, cerceados – ao que tudo indica, na haverá pagamento do décimo terceiro -, os médicos da Maternidade Santa Mônica faziam uma manifestação na porta da unidade hospitalar denunciando que os trabalhadores estavam com os salários congelados, mas que o governador e o vice-governador tinham garantido bons reajustes nos seus vencimentos. O governo tucano mostra a face carcomida da sua mesquinharia desdenhando do funcionalismo e fazendo a apologia do corte e do desemprego. Não será surpresa se o tucanato que fez ninho em Alagoas acenar com a volta do famigerado PDV. Queira Deus que não. As reivindicações dos médicos não se restringem apenas à questão salarial, mas às péssimas condições do sistema estadual de saúde, tanto que o Sindicato da categoria avisa que pode ocorrer algo extremamente grave: a demissão coletiva do todos, o que seria uma calamidade pública, passível até, quem sabe, de intervenção federal.
A sociedade acompanha tudo isso estarrecida, sente que administração estadual é titubeante e sem autoridade para enfrentar os problemas decorrentes da sua própria incompetência. A violência cresce, o número de homicídios é cada vez maior; as periferias das grandes cidades estão abandonadas; as comunidades rurais vivem à míngua; não há investimentos e não se vislumbra qualquer tipo de planejamento nas ações do governo. Em suma: não existe governo. Mergulhado nas suas próprias escaramuças, quando não viajando mundo afora, o governador viu na crise a oportunidade de eximir-se do que está acontecendo com Alagoas. Quando se esperava ações concretas e determinadas para enfrentar a crise, o tucano titubeou.
É provável que setores da sociedade organizada, os formadores de opinião, comecem, desde já, a reagir diante da inércia do governo. Os partidos políticos terão importante papel nos debates sobre os rumos do Estado depois do estrago tucano. Como presidente estadual do Partido Democrático trabalhista, tenho participado de seguidos encontros com lideranças políticas alagoanas e constatado que enquanto é grande a preocupação diante do caos, é grande também o desejo de mudança.
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